terça-feira, 20 de agosto de 2013

OS VINTE E OITO ARTIGOS DA BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO

Os Vinte e Oito Artigos da
Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo

(Síntese Doutrinária do Congregacionalismo)

Art. 1º - Do Testemunho da Natureza quanto à Existência de Deus 
Existe um só Deus(1), vivo e pessoal(2); suas obras no céu e na terra manifestam, não meramente que existe, mas que possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não podem compreender(3); conforme sua soberana e livre vontade, governa todas as coisas(4).

(1) Dt.6:4; (2) Jr 10:10; (3) Sl 8:1; (4) Rm 9:15,16.

Art. 2º -  Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem 
Ao testemunho das suas obras Deus acrescentou informações(5) a respeito de si mesmo(6) e do que requer dos homens(7). Estas informações se acham nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento(*) nas quais possuímos a única regra perfeita para nossa crença sobre o Criador, e preceitos infalíveis para todo o nosso proceder nesta vida(8).

(5) Hb 1:1; (6) Ex 34-5-7; (7); II Tm.3.15,16; (8); Is.8.19,20.
(*) Os livros apócrifos não são parte da Escritura devidamente inspirada.

Art. 3º - Da Natureza dessa Revelação 
As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus(9). Seu valor é incalculável(10), e devem ser lidas por todos os homens(1).  

(9)  II Pe 1:19-21; (10)  Rm 3:1,2. (1)  Jo 5:39.

Art. 4º - Da Natureza de Deus 
Deus o Soberano Proprietário do Universo é Espírito(2), Eterno(3), Infinito(4) e Imutável(5) em sabedoria(6), poder(7), santidade(8), justiça(9), bondade(10) e verdade(1).

(2) Jo 4:24;  (3) Dt 32:40; (4) Jr 23:24; (5) Ml 3; (6) Sl 146:5; (7) Gn 17:1; (8) Sl 144:17;  (9) Dt 32: 4; (10) Mt 19:17; (1) Jo 7:28.

Art. 5º - Da Trindade da Unidade 
Embora seja um grande mistério que existam diversas pessoas em um só Ente, é verdade que na Divindade exista uma distinção de pessoas indicadas nas Escrituras Sagradas pelos nomes de Pai, Filho e Espírito Santo(2) e pelo uso dos pronomes Eu, Tu e Ele, empregados por Elas, mutuamente entre si(3).

(2) Mt 28:19: (3) Jo 14:16,17

Art. 6º - Da Criação do Homem
Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem(4), constituindo-o de uma alma que é espírito(5), e de um corpo composto de matérias terrestres(6). O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus(7), puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito Àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo(8).

(4) Gn 1:2-27;  (5) Ec 12:7; (6) Gn 2:7; (7) Gn 1:26,27; (8) Gn 1:28

Art. 7º - Da Queda do Homem 
O homem assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz(9), mas tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus, Satanás), desobedeceu ao seu Criador(10); destruiu a harmonia em que estivera com Deus, perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável, deste modo vieram sobre ela a ruína e a morte(1). 

(9) Gn 1:31; (10) Gn 2: 16,17; (1) Rm 5:12.

Art. 8º - Da Conseqüência da Queda 
Estas não se limitam ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda(2); por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados, e de fato todos morrem(3).

(2) Sl 50:7; (3) I Co 15:21

Art. 9º - Da Imortalidade da Alma
A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinada por seu Criador a uma existência perpétua, continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonias tais, que mais quereria acabar do que continuar a existir(4); o pecado da rebelião contra o seu Criador, merece para sempre esta miséria, que é chamada por Deus de segunda morte(5). 

(4) Lc 16:20-31; (5) Ap 21:8

Art. 10º - Da Consciência e do Juízo Final
Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem(6). Deu-lhes mandamentos pelos quais se decidissem todos os casos(7), mas reservou para si o julgamento final, que será em harmonia com seu próprio caráter(8). Avisou aos homens da pena com que com punirá toda injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao seu governo(9); cumprirá suas ameaças, punindo todo pecado em exata proporção à culpa(10).

(6) Rm 2:14,15; (7) Mt. 22:36-40; (8) Sl 49:6; (9) Gl 3:10;  (10) II Co 5:10

Art. 11º - Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus
Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo com que os homens lhe retribuem seus benefícios e o castigo que merecem(1), cheio de misericórdia compadeceu-se deles; jurou que não desejava a morte dos ímpios(2); além disso, tomou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, sua imensa bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais palavras se importavam, ele lhes deu a maior prova do seu amor(3) enviando-lhes um salvador que os livrasse completamente da ruína e miséria, da corrupção e condenação e os restabelecesse para sempre no seu favor(4).

(1) Hb 4:13; (2) Ez 33:11; (3) Rm 5:8,9; (4) II Co 5: 18-20.

Art. 12º - Da Origem da Salvação 
Esta Salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está perfeitamente em harmonia com seu caráter) procede do infinito amor do Pai, que deu seu unigênito Filho para salvar os seus inimigos(5).

(5) I Jo 4:9

Art. 13º - Do Autor da Salvação
Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem com prata, mas com Seu sangue(6), pois tomou para Si um corpo humano e alma humana(7) preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem(8); assim, sendo Deus e continuando a sê-Lo se fez homem(9). Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens(10), como se conta nos evangelhos, cumpriu todos os preceitos divinos(1) e sofreu a morte e a maldição como como o substituto dos pecadores(2), ressuscitou(3) e subiu ao céu(4). Ali intercede pelos seus remidos(5) e para valer-lhes tem todo o poder no céu e na terra(6). É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(7), que oferece, de graça, a todo o pecador o pleno proveito de sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que, crendo nEle, aceitam-no por Seu Salvador(8).

(6) I Pe1:18,19; (7) Hb 2:14; (8) Mt 1:20; (9) Jo 1:1,14; (10) At 10:38; (1) I Pe 2:22; (2) Gl 3:13; (3) Mt 28:5,6; (4) Mc 16:19; (5) Hb 7:25; (6) Mt 28:18; (7) At 5:31; (8) Jo 1:14.

Art. 14º - Da Obra do Espírito Santo no Pecador 
O Espírito Santo enviado pelo Pai(9) e pelo Filho(10), usando das palavras de Deus(1), convence o pecador dos seus pecados e da ruína(2) e mostra-lhe e excelência do Salvador(3), move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz uma grande mudança espiritual chamada nascer de Deus(4). O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da Salvação(5).

(9) Jo 14:16,26; (10) Jo 16:7; (1) Ef 6:17; (2) Jo 16:8; (3) Jo 16:14;  (4) Jo1:12,13; (5) Gl 3:26

Art. 15º - Do Impenitente 
Os pecadores que não crerem no Salvador e não aceitarem a Salvação que lhes está oferecida de graça, hão de levar a punição de suas ofensas(6), pelo modo e no lugar destinados para os inimigos de Deus(7).

(6) Jo 3:36; (7) II Ts 1: 8,9

Art. 16º - Da Única Esperança de Salvação
Para os que morrem sem aproveitar-se desta salvação, não existe por vir além da morte um raio de esperança(8). Deus não deparou remédio para os que, até o fim da vida neste mundo, perseveraram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão alívio(9).

(8) Jo 8:24; (9) Mc 9:42,43

Art. 17º - Da Obra do Espírito Santo no Crente
O Espírito santo continua a habitar e a operar naquele que faz nascer de Deus(10); esclarece-lhe a mente mais e mais com as verdades divinas(1), eleva e purifica-lhe as afeições adiantando nele a semelhança de Jesus(2), estes fruto do espírito são prova de que passaram da morte para a vida, e que são de Cristo(3).

(10) Jo 14:16,17; (1) Jo 16:13; (2) II Co 3:18; (3) Gl 5:22,23

Art. 18º - Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço  Aqueles que tem o Espírito de Cristo estão unidos com Cristo(4), e como membro do seu corpo recebem a capacidade de servi-Lo(5). Usando desta capacidade, procuram viver, e realmente vivem, para a glória de Deus, seu Salvador(6).

(4) Ef 5:29,30 ( 5) Jo 15:4,7 (6) I Co 6:20

Art. 19º - Da União do Corpo de Cristo 
A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma(7) só e compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor(8), os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo(9), para serem chamados e convertidos nesta vida e glorificados durante a eternidade(10).

(7) Ef 3:15; (8) I Co 12:13; (9) Ef 1:11; (10) Rm 8: 29,30.

Art. 20º - Dos Deveres do Crente 
É obrigação dos membros de uma Igreja local, reunirem-se(1) para fazer oração e dar louvores a Deus, estudarem sua Palavra, celebrarem os ritos ordenados por Ele, valerem um dos outros e promoverem o bem de todos os irmãos; receberem(2) entre si como membros aqueles que o pedem e que parecem verdadeiramente filhos de Deus pela fé; excluírem(3) aqueles que depois mostram a sua desobediência aos preceitos do Salvador que não são de Cristo; e procurarem o auxílio e proteção do Espírito Santo em todos os seus passos(4).

(1)Hb 10:25; (2) Rm 14:1; (3) I Co 5:3-5; (4) Rm 8:5,16.

Art. 21º - Da Obediência dos Crentes 
Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo(5), recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o  procedimento dos remidos(6) e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se si acharem salvos de graça(7).

(5) Ef 2:8,9; (6) I Jo 5:2,3; (7) Tt 3:4-8.

Art. 22º - Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito
Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo(8), que é o Mestre(9), Pontífice(10) e Único Cabeça de sua Igreja(1); mas como Governador de sua casa(2) estabeleceu nela diversos cargos(3) como de Pastor(4), Presbítero(5), Diácono(6), e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que ele quer para cumprirem os deveres desses ofícios(7), e quando existem devem ser reconhecidos pela igreja e preparados e dados por Deus(8).

(8) I Pe 2:5-9; (9) Mt 23:8-10; (10) Hb 3:1; (1) Ef. 1:22; (2) Hb 3:6; (3) I Co 12:28; (4) Ef 4:2; (5) I Tm 3:1-7; (6) I Tm 3: 8-13; (7) I Pe 5:1; (8) Fl 2:29.

Art. 23º - Da Relação de Deus para com Seu Povo 
O Altíssimo Deus atende as orações(9) que, com fé, e, em nome de Jesus, único Mediador(10) entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos crentes, aceita os louvores(1) e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos Seus(2).

(9) Mt 18:19; (10) I Tm 2:5; (1) Cl 3:16,17; (2) Mt 25:40,45; (3) Hb 10:1; (4) At 10:47,48; (5) Mt 26:26-28.

Art. 24º - Da Cerimônia e dos Ritos Cristãos
Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo Ministério de Moisés , eram sombras dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens vieram(3): os ritos cristãos são somente dois: o batismo com água(4) e a Ceia do Senhor(5).

Art. 25º - Do Batismo com Água 
O batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador , quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador(6). Pela recepção do batismo com água, a pessoa declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura as bênçãos da salvação(7).

(6) Mt. 3:11; (7) At 2:41

Art. 26º - Da Ceia do Senhor
Na Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o sangue derramado no Calvário(8); participar do pão e do vinho representa o fato de que a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isso em memória do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro fielmente quanto a sua fé, seu amor e o seu procedimento(9).

(8) I Co 10:16; (9) I Co 11:28,29.

Art. 27º - Da Segunda Vinda do Senhor 
Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem(10), em Sua própria glória(1) e na glória de Seu Pai(2), com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono de Sua glória e julgará todas as nações.

(10) At 1:11; (1) Mt 25:31; (2) Mt 16:27

Art. 28º - Da Ressurreição para a Vida ou para a Condenação
Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e ressuscitarão(3); os mortos em Cristo ressurgirão primeiro(4); os crentes que neste tempo estiverem vivos serão mudados(5), e sendo arrebatados estarão para sempre com o Senhor(6), os outros também ressuscitarão, mas para a condenação(7).

(3) Jo 5:25-29; (4) I Co 15:22,23;(5) I Co 15:51,52; (6) I Ts 4:16; (7) Jo 5:29.

Os Vinte e oito artigos da  " BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO " foram  lavrados  pelo  Dr. Robert Reid Kalley e aprovados em 02 de julho de 1876 e este documento, de memorável valor histórico, consagrou-se como síntese doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.
A aceitação destas "Doutrinas Fundamentais " serviu de base para rejeição de várias doutrinas anti-bíblicas e encorajou os congregacionais ao crescimento e a implantação sólida e definitiva desta Grande Denominação.




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O CONVITE DE JESUS


           
  MATEUS 11:28-30

O homem tem falhado na sua busca por restaurar o seu relacionamento com o criador. Quando pecou, no jardim do Éden, foi expulso da presença de Deus perdendo a comunhão que havia entre ele e Deus. Desde então, o homem tem feito inúmeras tentativas para chegar-se a Deus e ser aceito de novo por Ele. Uma delas tem sido a busca por uma religião. Temos ouvido muitos afirmarem: “Todos precisam ter uma religião”. “Não importa qual seja a religião, todas são boas e nós precisamos ter uma”; ou, “Todos os caminhos levam a Deus”.
A palavra religião vem do latim religare, que quer dizer “religar”, “unir outra vez”; ainda reeligere, “reeleger”, “nova escolha”. “Conjunto de crenças, leis e ritos em um ser superior com o qual o ser humano se relaciona”.
No entanto, para Deus não basta ter uma religião ou mesmo sermos muito religiosos. Aos olhos de Deus, o que para nós serve de exemplo, pode não passar de farisaísmo. Deus vê o interior, o coração e não apenas o exterior.
No texto de Mateus 11:28-30, encontramos um confronto diante da mera religiosidade do seu próprio povo. Diante da pergunta de João Batista se Jesus era o Cristo, ou se deveriam esperar outro, Jesus chega a este desfecho, após responder aos seguidores de João que como Messias ele veio cumprir o que sobre ele estava escrito (Is. 61:1-3), fez elogios a João como o maior e último dos profetas veterotestamentários.  Em seguida Jesus declara os “ais” contra as cidades de Betsaida e Corazim, finalizando com uma oração dando graças por Deus ocultar “estas coisas” dos sábios e entendidos, e revelar aos pequeninos. 
É nesse contexto que Jesus faz o seu mais famoso convite, o “Vinde a mim”.
Não se trata de um simples convite. Não era para ir a uma festa, nem tão pouco para ouvir mais um dos seus ensinos, ou ver outro milagre. Este convite demonstra algumas verdades importantes:
1. É um convite que confronta com uma situação espiritual: é para os cansados e sobrecarregados (28a). Quando Jesus diz: “Vinde a mim”, de início o convite já implica em deixar de seguir a outro; implica em ter que reconhecer que os mestres que eles seguiam não estavam ensinando corretamente e que eles nunca chegariam a Deus; Há um confronto!
Ele diz: “Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados”... De que? Por quê? O que causava o cansaço? Qual era o tipo de carga, ou de sobrecarga? Comparando este versículo com o 29, percebemos que a carga era um tipo de julgo, que os judeus estavam carregando. O que significa isto?
O jugo, literalmente, significa uma canga colocada no pescoço do boi. Como Jesus estava falando de forma metafórica, devemos entender o que significava este “jugo”.
Era comum no judaísmo falar do “jugo da lei”, uma expressão que implicava profundo estudo da Torá e na obediência a ela como meio de se obter a aceitação de Deus. Cada mestre tinha seu jugo, ou seja, normas, regras, obrigações, e os seguidores deveriam aceitar levar este jugo; Quanto mais pesado fosse o jugo, mais valor tinha o mestre. Nos dias de Jesus, os escribas e fariseus estavam impondo um fardo pesado sobre os judeus, que nem eles mesmos podiam levantar (Mt. 23:4). Além da lei de Moises, eles criaram mais de 600 normas acrescentadas sobre a lei e exigiam obediência a estas normas, bem como a Torá, como meio de ser justificado dos seus pecados. Segundo declara Hendriksen:
“O convite de Jesus é direcionado àqueles, cujas costas os fariseus haviam lançado pesados fardos, pesadas cargas, exigindo meticulosa obediência não só da lei propriamente dita, mas também das intrigadas elaborações que dela fizeram”.
2. É um convite exclusivo para ir a Cristo e segui-lo: “vinde a mim”, “aprendei de mim”, “tomais sobre vós o meu jugo”. O convite é exclusivo porque é para ir a Jesus. Não está se tratando de ter uma nova religião, ou de acrescentar mais fardo em cima dos que já existem.
O que significa ir a Jesus? “O que significa ir a Jesus é claramente descrito em João 6:35: ‘O que vem a mim de modo algum terá fome, e o que crê em mim de modo algum terá sede’. É obvio, à luz dessa passagem, que “ir”, significa “crer” nele. Essa fé é reconhecimento e confiança, tudo de uma vez” (Hendriksen). Ao ir a Jesus ele, nos reconcilia com Deus, pois somente Ele “é o caminho a verdade e a vida (Jo.14:6); é o único mediador entre Deus e os homens (II Tm. 2:5) e o único nome pelo qual importa que sejamos salvos (At.4:12);
Nas palavras de J. C. Ryle, esta exclusividade reivindicada pelo próprio Jesus é evidenciada ainda porque ele disse: “Tudo me foi entregue por meu Pai”. Ryle continua: “Ele tem a chave. Para ir ao céu, precisamos ir até ele. Ele é a porta. Precisamos entra por intermédio dele. Ele é o pastor das ovelhas, precisamos ouvir sua voz e segui-lo. Ele é o medico da alma. Precisamos consulta-lo se quisermos ser curados da praga do pecado. Ele é o pão da vida. Precisamos nos alimentar dele, se quisermos que nossas almas sejam satisfeitas. Ele é a fonte da vida. Precisamos lavar-nos no seu sangue, se quisermos ser purificados e preparados para o grande dia da prestação de contas”.
Jesus fala de aprender dele, de se tornar um discípulo de Jesus e tomar o jugo de Jesus em troca do jugo dos fariseus. Naquele tempo a expressão “tomar o jugo” significava tornar-se um discípulo. Se compararmos estas palavras com o que Jesus ensinou no sermão do monte, podemos extrair importantes lições. Aqui Jesus diz: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. E achareis descanso para as vossas almas”. Em Mateus 5:1-12, Jesus fala das Bem-aventuranças, isto é, achar a verdadeira felicidade em Jesus. A primeira bem-aventurança é para os humildes de espírito. Mais adiante Jesus vai também falar outra bem-aventurança para os mansos. O que estes dois textos possuem em comum? Ir a Jesus, aprender dele e levar o seu fardo, implica em reconhecer sua incapacidade de justiça própria, e isto significa se esvaziar de si mesmo, não se encher de orgulho espiritual como faziam os judeus. Uma pessoa mansa, é rendida ao Senhorio de Jesus, não procura inimizade com o próximo e quer ter a paz de Deus em sua vida. O que os judeus deveriam fazer era somente crer em Jesus, reconhecer que Ele era o Cristo e segui-lo.
3. É um convite para achar alivio e descanso espiritual (29,30). “Jesus lança seu convite às almas cansadas, não apenas a corpos cansados”. É bem verdade que o alivio da alma alcança, por tabela, todas as áreas da nossa vida, mas Jesus tem muito mais a oferecer ao homem do que apenas curas para as enfermidades, libertação de demônios, mortos ressuscitados, suprimento de alimento para a fome etc.
As pessoas estavam sobrecarregadas pelo legalismo do judaísmo farisaico, incapaz de trazer justificação dos seus pecados. O sentimento de culpa, que não traz arrependimento e conversão gera opressão espiritual. Quando não há comunhão com Deus, falta a paz interior. O convite de Jesus é para termos alívio para a alma, e isto só é possível quando o homem pecador tem de volta o seu relacionamento com o seu criador.  Ryle afirma o seguinte: “Em Cristo encontramos descanso – descanso para a consciência e para o coração, descanso fundamentado no perdão, descanso que é resultado da paz com Deus”. Ao irmos a Jesus temos paz com Deus; ao aprender dele e tomar o seu fardo temos a paz de Deus. No discurso do apóstolo Pedro, registrado em Atos 3:19, ele diz: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”.
Jesus não promete uma vida sem problemas ou livre de sofrimento ou de perseguições. Quando Jesus diz: “o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, Ele não está chamando seguidores para viver uma vida sem compromisso, ou sem obrigações morais. O problema do “jugo da Torá”, não estava no fato de se obedecer aos mandamentos do Senhor. Pelo contrário, o Salmo 19:7 diz: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”. O problema era a maneira como esta lei estava sendo ensinada e os acréscimos que foram dados a ela. “Jesus não promete uma vida de inatividade ou repouso, nem isenção de tristezas ou lutas”. Sem duvida existe a cruz para carregarmos, se quisermos seguir a Jesus. “Aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”; “Mas, o consolo do evangelho ultrapassa em muito o peso da cruz”, acrescenta Hendriksen.
Mas, o jugo de Jesus é suave e o seu fardo é leve, porque somos salvos pela graça por meio da fé (Rm. 3:28; Ef.2:8-10). Ir a Jesus significa crer que ele veio buscar e salvar o que se havia perdido. “É um jugo da fé, e a fé ergue todos os fardos” (Ryle). É leve e suave porque a graça de Deus nos capacita a carregarmos os fardos sem confiarmos em nós mesmos, mas na dependência da ajuda de Jesus, que transporta ao nosso lado nos ajudando a carregar a cruz. A Lei, em si mesma, leva a condenação. Por meio da lei veio o conhecimento do pecado e com a lei a condenação. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. (Rm.10:4). “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados”. (Gl.3:24). Quando servimos a Cristo, nos tornando seus verdadeiros discípulos nossa obediência a Ele e aos mandamentos do Senhor não se tornam pesados: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados”. (1 João 5:3)

Conclusão
 “Você pode ter sido batizado na igreja, criado na igreja, servido na igreja. Pode ser que tenha se casado na igreja, morrido na igreja, ter sido velado na igreja e ainda assim acordar no inferno caso esteja meramente na igreja e não em Cristo”. (Mark Driscoll)

Pr. Raimundo Linhares
No dia do Senhor (18 de agosto de 2013)
IEC Ebenézer - Catolé do Rocha/PB








VOCÊ É CRISTÃO DE VERDADE ?


Deixa eu te fazer uma pergunta. Você olha para o mundo e deseja ser como o mundo? Agir como o mundo? Falar como o mundo? Se vestir como o mundo? Ter respeito e a estima do mundo? Se você se sente desse jeito, você deve ficar aterrorizado. Porque isso pode ser uma evidência de que Deus não fez uma obra em você. Se o poder de Deus não pode ser visto em sua vida, guiando você para uma crescente santidade, então, talvez não haja poder de Deus em sua vida. Então, Ele não regenerou seu coração. Você não nasceu de novo. Você não é um cristão. Porque Ele disse: ‘Eu vou salvar pessoas.’ Por quê? ‘Para demonstrar ao mundo o quão poderoso sou para salvar suas almas e para transformar suas vidas.’ Deus está transformando a sua vida?Cristãos não são infalíveis. Cristãos não são perfeitos. Cristãos vão ter dificuldade com o pecado. E cristãos podem até cair, mas em meio aquela fraqueza ficará evidente que Deus está trabalhando, Deus está ensinando, Deus está disciplinando e Deus os está levando para níveis mais altos de maturidade cristã e santidade. Este é você? Desde que você professou sua fé em Cristo, os seus desejos por Cristo cresceram? Ou seu desejo por santidade cresceu? O poder de Deus para transformar sua vida estão cada vez mais evidentes? Você está deixando de parecer com o mundo e parecendo cada vez mais com Cristo? Ou você está parecendo cada vez mais com o mundo?

(Paul Washer)

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O "EVANGELHO" DO TEM NADA A VER

Existem pelo menos duas expressões muito usadas por alguns nos dias de hoje que são extremamente perigosas. São elas: "Não tem nada a ver" e "O que que tem isso?

Pois é, quantos não são aqueles que em nome de uma pseudo-espiritualidade tem se afastado do Senhor e dos seus caminhos achando que o pecado, o mundo, bem como as propostas de satanás, não tem nada a ver? Ou quantos não são os pastores ou igrejas que no intuito de encherem os bancos de suas congregações dizem para os seus fieis: "O que que tem isso demais? O que importa é que as pessoas ouçam a palavra, afirmam eles." 

Caro leitor, lamentavelmente tem sido comum testemunharmos  pastores, diáconos e líderes das mais variadas denominações negociando as Escrituras. Nessa perspectiva é possível encontrarmos nos arraiais evangélicos adeptos do  "stand up gospel", do evangelho do entretenimento,  da pregação recheada de autoajuda, das frases de efeito, do marketing religioso e muito mais. Senão bastasse isso, muitos dos chamados cristãos em nome de Deus negociaram a fé afirmando categoricamente que  não tem nada a ver uma igreja que defenda a balada, o funk, a rave e o show gospel, como também não tem nada a ver o pastor advogando o divórcio sem motivo lícito, ou o sexo antes do casamento, ou até mesmo a  pegação entre os jovens e muito mais. 

Outro dia soube de um pastor que afirmou que os jovens precisam casar sem terem tido relacionamento sexual antes do casamento, o que concordo com ele. No entanto, o mesmo pastor disse que devido a pressão do sexo e a afloração hormonal dos jovens, isso não é possível acontecer, a não ser que estes extravasem sua sexualidade através do sexo oral. Para este pastor, desde que não aja penetração, tudo é válido, até porque, segundo a sua concepção de evangelho isso não tem nada a ver. 

À desta história chego a triste conclusão que alguns dos denominados evangélicos jogaram suas Bíblias na lata do lixo.

Caro leitor, o que a Igreja Brasileira precisa é regressar as Escrituras. Como já afirmei inúmeras vezes nesse blog (http://renatovargens.blogspot.com.br/), não possuo a menor dúvida de que as heresias e distorções teológicas de nossos dias se devem ao abandono da Palavra de Deus. 

Isto posto, afirmo sem titubeios que se desejarmos experimentar um avivamento em nosso país, torna-se indispensável que entendamos que a Bíblia precisa novamente ser a nossa única e exclusiva regra de fé. Portanto, voltemos as Escrituras e nos arrependamos dos nossos equívocos e pecados, quem sabe agindo assim, Deus tenha misericórdia da tão combalida igreja brasileira e mude o rumo da nossa nação.

Pense nisso!

Renato Vargens
(Extraído do Blog http://renatovargens.blogspot.com.br/, com permissão)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O PERFIL PASTORAL À LUZ DO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO


At. 20:17-35


Introdução

Como disse o Rev. Hernandes Dias “O apostolo Paulo foi o maior missionário, o maior pastor, o maior líder, o maior teólogo e o maior plantador de igrejas da história do cristianismo”. Sua vida e seu ministério são um exemplo para pastores e líderes de todas as épocas. Esse gigante do cristianismo tem muito a nos ensinar como pastores. Creio que devemos olhar para o exemplo de Paulo, para sua vida e também os seus ensinos para tirarmos lições para o nosso ministério. Vejamos algumas características ministeriais do apóstolo Paulo: 

         I.        O perfil pastoral à luz do exemplo de ministério vivido por Paulo
“vós bem sabeis como foi que eu me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia” (v.18)

            1.     Sendo um servo fiel
          “Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram” (v.19)
              *   Como um escravo (doulos) de Jesus Cristo. É assim que ele geralmente se    apresenta no início das suas cartas (Rm. 1:1; Fl. 1:1; G. 1:10), e como demonstra com sua vida de serviço a Deus.
              *     Com humildade. Servir a Cristo requer humildade. Seguir o exemplo de Jesus, que “é manso e humilde de coração” e “não veio para ser servido, mas para servir”. O servo de Cristo não busca seus próprios interesses, nem a vã glória. Ele reconhece sua condição de dependência da graça de Deus. Depois de Jesus, Paulo é o maior líder espiritual que o mundo já conheceu, mas ele se descreveu da seguinte forma:
“Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus, mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (I Co. 15:9-10)
“Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”. (Efésios 3:7-8)

             *   Com lágrimas. Duas vezes em seu discurso Paulo confessa que derramou lágrimas: quando ele foi perseguido pelos inimigos (v.19) e quando agonizava em favor dos convertidos (v.31). Em seu ministério Paulo sofreu por causa do nome de Cristo e derramou lágrimas por causa dos inimigos da cruz de Cristo (Fl.3:18). O ministério muitas vezes é espinhoso, árduo e é doloroso. Mas, Paulo não chorava por causa do seu sofrimento, mas por causa da igreja. Ele diz que sentia dores de parto até que Cristo fosse formado na vida das pessoas (Gl.4:19); Escrevendo a igreja de Roma ele diz:
“Digo a verdade em Cristo, não minto, dando testemunho comigo a minha consciência no Espírito Santo, que tenho grande tristeza e incessante dor no meu coração. Porque eu mesmo desejaria ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne” (Rm.9:1-2)
O pastor não é um super-homem, não é uma máquina sem sentimentos. Ele é humano, ele chora. Chora por causa da solidão, da incompreensão das pessoas.
             *   Com provações. De perseguidor ele passou a ser perseguido. Os judeus o  perseguiam, os falsos irmãos o perseguiam, os falsos apóstolos o perseguiam. O ministério de Paulo do início ao fim foi de intensas provações. No chamado de Paulo ele foi advertido que importava sofrer por causa do nome de Cristo; um homem chamado para ser testemunha (martirion) e completar em seu corpo as aflições de Cristo.

            2.   Sendo fiel na pregação e no ensino da Palavra de Deus (20)
        “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e de casa em casa... porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (v.27)
Paulo foi um servo fiel, mas também um fiel mensageiro de Deus. Nos três anos que passou em Éfeso, ele pregava na sinagoga (19.8), ensinava na escola de Tirano (19.10) e ensinava de casa em casa, onde a igreja se reunia para cultuar a Deus.
Perceba que Paulo não apenas descreve seu ministério de pregação e ensino, mas ele diz qual o conteúdo da sua mensagem: arrependimento para com Deus e a fé em Jesus, ou como ele resume no v. 24, “o evangelho da graça de Deus”.
A mensagem de Paulo quer na pregação pública, quer de casa em casa, ou nas epístolas que escreveu não era uma mensagem que se preocupava em agradar aos seus ouvintes, não era uma mensagem humanista, antropocêntrica; era o evangelho da graça, a mensagem da cruz, escândalo para os judeus e loucura para os gentios; era uma mensagem cristocêntrica. Ele anunciava a condição depravação total do homem por causa do pecado, mas também anunciava o salvador e a salvação.
“O pastor que fielmente prega o evangelho jamais deixa de incluir o chamado ao arrependimento. Ele toca um alerta de condenação iminente se seu chamado for ignorado. Ele aponta o caminho estreito que conduz a vida e alerta seus ouvintes a não andar na estrada larga do pecado que leva à perdição eterna. Um verdadeiro pregador chama o pecador para o arrependimento e a fé”.
Foi Paulo que escreveu a seu filho na fé Timóteo dizendo assim: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade” (II Tm. 2:15); “prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino” (II Tm. 4:2)
Paulo diz: “eu não deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (v.27). Eu não me mantive em silêncio por temor de esconder de vocês algo que pudesse ser de algum benefício.
Ele não omitiu a verdade, não negociou sua mensagem, não prostituiu o seu ministério, não camuflou o evangelho a fim de agradar seus ouvintes, pelo contrário ele foi fiel ao seu chamado.
Oxalá que muitos líderes de hoje tomassem o exemplo de Paulo com respeito ao zelo pela sã doutrina, o esmero pela pregação e o ensino, com a preocupação de alimentar o rebanho com o genuíno leite espiritual.

            3.    Cumprindo cabalmente seu ministério (24)
           “mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira  e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.    
Paulo não apenas foi fiel, como servo e como mensageiro, mas ele foi fiel até o fim da sua vida. Gostaria de ressaltar esse ponto como um exemplo a ser seguido por nós. “Não basta começar bem, é preciso terminar bem”. A questão não é como começamos, mas como terminamos nosso ministério.
Paulo já havia falado das provações que enfrentara no ministério, agora ele diz: “Agora, eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali acontecerá, senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.
No ministério deve haver perseverança. Devemos “ser firmes e constantes e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que nosso trabalho não é vão no Senhor” (I Co.15:58).
Na medida em que Paulo está falando com aqueles presbíteros ele está ilustrando sua fala com algumas figuras, como observa o comentarista Wiersbe, destaca quatro comparações do apóstolo Paulo no v.24: Primeiro, ele é um contador. Ele faz um cálculo sobre seu bem mais precioso e diz que é Cristo quem possui maior valor para ele, e não a sua própria vida (Fl. 3:7,8); Segundo, ele é também um corredor que deseja terminar a carreira com uma vitória jubilosa (Fl.3:13,14; II Tm. 4:7); Terceiro, ele ainda é comparado a um despenseiro. Seu ministério era algo que havia recebido de Cristo (I Co. 4:2); por último, ele era uma testemunha do evangelho da graça de Deus. A palavra sugere um testemunho solene, verdadeiro, fiel. 

        II.   O perfil pastoral à luz dos conselhos do apóstolo Paulo aos presbíteros de Éfeso (25-35)
Paulo sai da recapitulação do seu ministério, como exemplo a ser seguido, para passar a dar os últimos conselhos aos presbíteros de Éfeso, onde mais uma vez aprendemos com o seu ministério.
Quais os conselhos práticos que ele nos dar? “Vigiai”

            1.     Pastorear tendo cuidado de si mesmo e do rebanho
Paulo está dizendo: “cuidem de pastorear o rebanho, sem deixar de cuidar de si mesmos”. Paulo deu esse mesmo conselho a Timóteo, quando disse: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (I Tm. 4:16).
O pastor precisa cuidar das ovelhas dando alimento e cuidando das suas feridas, cuidando da lã para que a ovelha não morra com o frio quando está com pouca lã por causa da tosa, mas também deve ter cuidado quando ela tem muita lã para não ficar presa nos arbustos enquanto pasta.
“De todos os títulos e metáforas empregados para descrever a liderança espiritual, o mais adequado é o de pastor. Como os pastores de ovelhas, os pastores de igrejas devem guardar seus rebanhos para que não se percam, conduzi-los aos pastos da Palavra de Deus e defendê-los contra os lobos vorazes que pretendem assaltá-los” (John Macarthur).
Mas, Paulo diz: Tenham cuidado de si mesmos e do rebanho. Isto significa que o pastor deve ser exemplo espiritual para o rebanho, mas se aplica a outros cuidados, como vemos no livro “O PASTOR APROVADO” de Richard Baxter onde ele dedica um capítulo ao ‘cuidado pastoral do pastor a si mesmo’. Cuidar das famílias dos irmãos e esquecer-se de pastorear a sua própria família, cuidar da saúde dos irmãos, e esquecer-se da sua, cuidar da vida espiritual do rebanho e deixar sua vida espiritual se apagar.
“Portanto, cada qual de vocês olhe por si mesmo. Veja que você seja o adorador que persuade outros a serem. Certifique-se de que crê naquilo que diariamente persuade outros a crerem. Assegure-se de que já acolheu a Cristo e ao Espírito Santo em sua alma, antes de oferecer a outros... não conviver com os próprios pecados contra os quais pregamos... cuidado com as astutas ciladas do Diabo.” (Baxter)

            2.    Estar alerta para lutar contra os perigos que rondam a igreja (29-31)
Mas, além de alimentar o rebanho o pastor deve supervisionar e vigiar o rebanho. A palavra “bispo” significa supervisor. Perceba que Paulo usa três palavras para descrever os líderes que vieram de Éfeso: presbíteros, que age como pastores, e bispos. Ambas se aplicam as mesmas pessoas, ambas são sinônimas. Esses líderes eram pessoas maduras, experimentadas, não podiam ser neófitos; eram pastores que cuidavam do rebanho de Cristo; e eram supervisores que vigiavam o rebanho para conferir se não havia ovelhas se desgarrando do aprisco, se havia alguma ovelha doente ou ferida, mas principalmente se havia algum lobo se aproximando do rebanho.
Isso requer que o pastor esteja sempre próximo do rebanho, e conheça bem cada ovelha. Alguém já disse que o pastor tem cheiro de ovelha. O verdadeiro pastor ama o rebanho ao qual o Senhor o constitui como pastor.
Paulo alerta os presbíteros a vigiarem o rebanho, ele faz o alerta com alguns fatos: Ele sabia da existência do perigo - não era uma possibilidade, é uma CERTEZA - "Eu sei!" v. 29.  O perigo aguarda apenas a ocasião oportuna; A identificação do agressor - "lobos vorazes", lobos cruéis; A natureza e o objeto do perigo - "não pouparão o rebanho”. A origem do perigo: externo ("entre vós penetrarão"), interno ("dentre vós mesmos" V. 29). 

            3.    Não cobiçar coisas materiais (33-35)
Paulo conclui seu discurso alertando para mais um perigo, que agora os presbíteros poderiam enfrentar: o pecado da cobiça.
“Pastorear significa cuidado amoroso e consideração, uma responsabilidade cumprida voluntariamente, não deve jamais ser usada para engrandecimento pessoal”. (DITNT)
Nas suas recomendações pastorais a Timóteo e a Tito ele adverte que o presbítero deveria ser: “não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento” (1 Timóteo 3:3). Pedro faz esse mesmo alerta:
“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória”.
Nem Paulo, nem Pedro estão se opondo ao sustento digno para os pastores que vivem do ministério, como vemos neste texto,
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:17-18)
O problema é fazer do ministério cabide de emprego. Ter o pastorado como vocação é qualidade do verdadeiro ministro do evangelho; ter como profissão, ou por conveniência, por amor ao dinheiro, é uma característica dos falsos profetas.
Há pastores que estão no ministério porque não tem uma profissão e não tem coragem de pegar no pesado. São verdadeiros profissionais da fé.
A verdadeira recompensa que recebemos por servimos não são materiais, mas, espirituais. É a “incorruptível coroa de glória”.
É preciso reconhecer que o rebanho é propriedade de Deus. “o rebanho de Deus” ou a “igreja de Deus”. Jesus disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21.15-17). Devemos apascentar com amor, com zelo, com dedicação.

Conclusão

Quero concluir falando da resposta dada pelos presbíteros diante do discurso de Paulo. Até o momento falamos sobre o pastor em ralação a si próprio e a igreja. Mas qual a responsabilidade da igreja quanto ao pastor? (vs.36-38). Citarei um texto que extrai da internet do Pr. Ashbell Simonton Rédia: “Cuide bem do seu Pastor...

1. Cuide orando por eles. Os pastores genuínos desejam, acima de tudo, as orações de rebanho. Devemos orar pelos pastores, e especialmente que tenham condições de pregar a Palavra. Pastores são humanos, frágeis e pecadores como os demais. Sua tarefa é difícil. O pastorado desgasta e esgota um homem. Pastores são o alvo prioritário do diabo e seus anjos, pois sabem que se conseguirem derrubar e inutilizar um pastor, atingem uma grande vitória. Portanto, os crentes deveriam orar de forma muito especial pôr seus pastores, para que o Senhor os protegesse de toda obra maligna, e que lhe concedesse a Palavra, facilidade e capacidade para transmitir a mensagem de Deus, confiança e ousadia, sabedoria e conhecimento para expor “o mistério do evangelho”.
2. Cuide investindo no Pastor. Dê-lhe condições de estudar, reciclar, aprender mais, porque no fim isto será revertido como fruto para a vida da igreja.
3. Trate-o com honra e respeitabilidade. Ser amável, dócil, cortez com o pastor de vossas almas. Eu não posso tratar o pastor como qualquer pessoa, ele é uma pessoa muito especial desempenhando uma grande missão dada diretamente por Deus. Sabemos que podemos ser amigo do pastor, mas sem perder o respeito e ignorar sua autoridade pastoral sobre as ovelhas do seu rebanho. Mostre que embora o pastor seja seu amigo, merece respeito e honra. Honra e respeito são características daqueles que amam o Pastor.
4. Pague bem o seu pastor. O pastor para produzir bons frutos precisa ser bem remunerado. Paulo exorta a Igreja de Corinto sobre o sustento pastoral (II Cor 11: 8-9). O Pastor precisa dessa tranquilidade financeira, para dedicar-se de corpo e alma ao serviço do Reino. Muitas vezes queremos nivelar, por baixo, o sustento financeiro pastoral pela nossa renda familiar. Desenvolva na igreja uma mentalidade que possa contribuir para que o pastor e sua família tenham condições financeiras de realizar um trabalho sem maiores preocupações nesta área.
5. Lembre-se dos dias especiais na vida do seu pastor. Duas datas são importantes na vida do pastor: o nascimento e o dia do Pastor. O pastor e sua família também celebram o dia do aniversário, de casamento, natal e tantas outras datas significativas. Lembre-se destas datas tão importantes. Faça um cartão da família e envie para o pastor. Faça uma chamada telefônica e expresse a alegria da sua família por aquela data na vida do seu pastor e de sua família.
6. Não critique o pastor perante os seus filhos. Pastores têm falhas e limitações, mas não podemos destruir a imagem positiva que nossos filhos devem cultivar para com o líder espiritual da nossa igreja. Se há algum ponto que não concorda, procure-o e diga-lhe, em amor, das suas opiniões e discordâncias.
7. Participe dos trabalhos da igreja. Leve a sua família a participar dos trabalhos propostos pelo pastor. Ofereça-se para ser um voluntário num novo projeto. Convide outras famílias para o trabalho da igreja. Estas atitudes proporcionarão alegria ao pastor, com certeza.
Cuide bem do seu pastor!  A nossa proposta é que, através destas e outras atitudes, nossas igrejas possam ajudar a tantos pastores que têm sido bênçãos para nós e para nossos familiares”.

“E rogamos-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós”. (1 Tessalonicenses 5:12-13)
“Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”.
(Hebreus 13:7)

Pr. Raimundo Linhares
Pastor da IEC EBENÉZER – Catolé do Rocha/PB

(Mensagem pregada no dia 23/12/12, no culto do 2º Aniversário de Ministério Pastoral do Pr. Marcone de Carvalho Santana, na IEC – Pombal/PB)